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sábado, 30 de julho de 2016

Sintonizada comigo!



O festival já tem 17 anos mas, na verdade, nunca tinha lá ido. Talvez porque o seu começo foi já depois de ter iniciado a minha vida activa, como enfermeira ( a respeito disso, parabéns a todos os do Grande XI curso da ESEBB porque fazemos hoje 18 anos de curso! ) e estava longe. Quando regressei ao Alentejo, comecei a perceber que as noites de FMM eram sempre demasiado"animadas" para o gosto de quem trabalha num serviço de urgência. Apesar de algumas colegas me dizerem: vai! vais adorar. Tem mesmo a tua cara - nunca me decidi a lá ir, achava que talvez já fosse "demais" para mim. Há certas festas que já não aguento ! Decidi-me a ir ontem, a convite de uma amiga com um ritmo de vida muito semelhante ao meu. Fui e adorei! E não é que aquilo tem mesmo a minha cara?!!! Há coisas para as quais algumas palavras não chegam. Deixo-vos um video de publicidade do ano passado, que me parece capta muito mais a essência da coisa do que os spot`s publicitários deste ano. É ver e ficar com água na boca para lá voltar, todos os anos!










quinta-feira, 28 de julho de 2016

Ainda a lutar contra a falta de energia

...depois há aqueles dias em que a maldita ataca e eu perco a vontade a força e a coragem. Só me apetece a minha casa e as minhas coisas. Para aqui andei, aos "trambolhões", entre o sofá, o livro, a cama e a cozinha. 
Já há algum tempo que andava com vontade de ter uma máquina de pão. Fui descobrir uma, pouco utilizada, na casa da mãe, que reverteu em favor desta que por aqui "escrevinha" umas coisas. Como não podia deixar de ser, pus-me a inventar. A receita original seria esta , só que eu não tinha metade destes ingredientes, nem sabedoria e paciência para a fazer integralmente e por isso, inventei. Foi fácil: troquei a farinha espelta branca por farinha de trigo integral e a farinha de centeio por farinha de milho, as papas de aveia transformaram-se em 180g de flocos finos de aveia não coloquei o malte de cevada nem as passas que se transformaram em nozes " a olho" . O fermento, embora não vá de encontro à filosofia inicial da autora, foi mesmo fermento quimico ( 25g) que era o que havia cá em casa. Tudo para a maquina do pão e em mais ou menos 4 h o resultado foi este : 



Para primeira vez nem ficou nada mal. O coitado ficou com aspecto de quem já tinha sido comido antes de sair do forno o que significa que para a próxima terei que aumentar as doses. Estava gostoso ( ou não o teria colocado aqui) e com mel ficou uma delícia. Agora, finalmente, posso alternar os meus pequenos almoços e lanches sem ficar com a consciência pesada de que estou a consumir hidratos de carbono a mais. Resta saber se os miúdos vão aprovar estas novas invenções da mãe. Para quem gosta e tem mãos e paciência para a cozinha, é de experimentar estes pães do artigo, que devem ser uma delicia.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Ideias felizes

Muito se fala em Portugal e nos países europeus da quebra na taxa da natalidade. Existem muitos motivos para isso é já na altura do meu curso abordamos esse problema. A verdade é que as mulheres têm hoje perspectivas de vida muito diferentes das que tinham à algumas gerações atrás. Para além disso, os recursos sociais são cada vez menos e mais dispendiosos o que leva a que depois do primeiro filho qualquer casal pense muito bem antes de ter outro filho. Vai muito da perspectiva de vida de cada um, dos planos que formulou para o futuro e até dos sonhos que tem. Criar filhos, educa-los, dar-lhes a atenção e carinho necessários é difícil para qualquer mulher que concomitantemente queira ter uma carreira. Imaginem então para uma mulher solteira ( divorciada/viúva) que tem planos e projectos para sua vida. Não só é difícil como é quase uma tarefa hercúlea...sendo que são precisos muitos mais do que os 12 trabalhos de Hércules e alguma sorte. Em Portugal significa trabalhar/ gerir/ programar quase 24 horas por dia com direito a sensação de cansaço quase contínuo que a bem ou a mal somos obrigadas a ter que aprender a saber lidar com tudo isso.
O que mais me chateia no meio de tudo são os pressupostos de que temos que aguentar. Aguentar e, se possível, fazer pouco barulho. Acredito ser esse o motivo que leva muitas mulheres a manterem casamentos e uniões que não as faz felizes. Acredito também que é esse o motivo porque muitos homens se sentem presos nos seus casamentos.
Uma questão de sobrevivência, portanto. Partindo deste princípio, que pode estar errado, admito que alguns problemas sociais se resolveriam com um maior apoio à maternidade/paternidade, admitindo também que nem sempre são as mães os melhores cuidadores. Parto do genérico para chegar ao particular. Das boas opções de apoio é sem dúvida a do nosso município que tomou a resolução de apoiar todos os meninos do 1° ciclo com a compra dos livros escolares. Para mim é uma ajuda fantástica e extremamente útil, muito mais útil do que a isenção de dos meninos no serviço nacional de saúde, sabendo nós que o serviço não tem capacidade de resposta para doença aguda, apenas para o seguimento regular. Muitas vezes se se pensassem nas medidas que se tomam - benefícios versus custos - muito do show off eleitoral seria dispensável e estaríamos de facto a aumentar a qualidade de vida de todos nós. Porque produtividade, lá está, pressupõe algum tipo de qualidade para não voltarmos ao tempo da escravatura.

Oussia

Não há como estar de férias para conseguir pôr as leituras em dia . Já li também o Oussia. Fui buscá-lo de propósito à feira do livro a Lisboa, para o trazer autografado. Já aqui disse que conheci o Armando quando ambos fomos promover os nossos livros naquela feira, eu o meu primeiro e único livro editado e ele também, se não me engano, o sonhos de Atlântida, o seu primeiro. Depois dessa experiência tornamo-nos "amigos de facebook" e acabei por ler todos os livros dele. Lembro-me de ter lido o Pagwagaya de um fôlego e de, ao lê -lo, estar a imaginar o magnífico filme que podia sair dali. Pois com o Oussia foi exactamente a mesma coisa. Para quem gosta do género do sr dos anéis ou Harry Potter este é, sem dúvida, um livro que recomendo, especialmente porque o seu original é em Português. Continua a fascinar-me a capacidade do Armando conseguir enredar a história de tal forma que nos deixa presas ao livro . Faz-me ler em velocidade máxima, adivinhando o fim pelo início das palavras só para saber o mais rapidamente possível como vai o livro ou o capítulo acabar e só descanso quando termino tudo. Gosto de livros que me prendam e o Oussia foi um desses. Fico a aguardar serenamente o próximo.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Um dia também hei-de ter um neto

Nós, por cá andamos, com a cabeça entre as orelhas, entretidos entre as manhãs de praia, os almoços de sardinhas, a piscina, a melancia e vá, confesso, os gelados que são a minha perdição e não estão a ajudar a perder estes meus 70 kilos fenomenais! É certo que o caminho para a praia é feito a pé, mas os petiscos das avós não deixam, de forma nenhuma, a coisa se tornar mais levezinha. A verdade é que isto, sem eles, não teria tanto sabor. Para todos. Eles são a comidinha pronta para os netos quando chegam da praia, os lanches, os mimos, tudo do bom e do melhor e confesso são o principal motivo de se poder chamar a este tempo férias. Objetivos de uns, gratidão e reconhecimento de outros, férias no seu melhor. Hoje ao ver este vídeo percebi o bem que podemos fazer uns aos outros e mais uma vez tive a certeza que muitas vezes faço as escolhas certas. Não só para mim mas também para todos os que nos são próximos e tantas vezes vêm connosco usufruir deste pequeno paraíso a que posso chamar casa e de quem tanta gente conhece como a casa dos avós dos Bica. Para todos esses e para os outros também, feliz dia dos avós!

domingo, 24 de julho de 2016

Saudável acima de tudo

Durante as férias nunca sei muito bem a quantas ando ( bem na verdade eu nunca sei muito bem a quantas ando, nem mesmo quando estou a trabalhar, por causa dos turnos) . A numeração mensal não é difícil, porque para saber que turno faço, tenho que saber a quantos estamos, mas os dias da semana são sempre um enigma para mim. Hoje sei que é Domingo porque é o dia da Ultra Maratona Atlântica e os miúdos foram com a tia assistir à chegada em Tróia, pelo que tenho tido o dia inteiro só para mim. Praia ao Domingo não é o meu exercício favorito, estou mal habituada, e detesto praias a abarrotar de gente e, ou tenho boa companhia ou então prefiro nem ir. Têm estado dias muito quentes este fim de semana e cá em casa não há piscina ( essa infelizmente é amovível e ficou na casa dos netos) assim o engenho e o calor fizeram-me arranjar uma geringonça com a mangueira para tomar o duche no quintal e manter a temperatura a níveis médios ( sendo que a esta hora ainda estão uns módicos 32º dentro de casa)  Hoje prevêm-se banhos no quintal até mais ou menos às 10h da noite. Mas o calor, para além de obviamente... calor, traz também os raios Ultra violetas e eu sinceramente embora só goste de praia com calor não gosto dela às horas de maior exposição. Além disso andam por aqui uns sinais a mudar de forma e consistência o que me vai dar que fazer depois das férias: ir mostrá-los ao dermatologista. Entretanto ela, que detesta "besuntisses" é cremes e mais cremes, porque tem que ser. Entre "besuntisses" e aspecto de velha, prefiro as "besuntisses"( ainda ando a curtir o facto de me terem dado 20 e tal anos - é verdade que o sr ia ser operado aos olhos, mas isso não interessa nada!!!!) . Ainda por causa desta coisa dos sinais ( e dos meus gatos, conversa e mais conversa foi coisa que não faltou ontem) falaram-me nesta publicidade e vim à procura dela. Realmente a criatividade é uma coisa extraordinária e esta está mesmo muito boa : um alerta em jeito de mimo.





E agora vou refrescar-me na mangueira para depois ir comprar leite de soja que quero experimentar a minha iogurteira nova.Estou a apostar, em grande, na vida saudável!



sexta-feira, 22 de julho de 2016

A mais bela sintonia

Hoje foi um dia extraordinariamente feliz. Não só porque estive rodeada de 5 crianças ( perdão, 4 crianças e 1 adolescente) em fases de desenvolvimento completamente diferentes que interagem de uma forma absolutamente incrível, mas também porque finalmente, hoje, consegui dar por terminada a árdua tarefa de me desenvencilhar do resultado da má gestão do que foi o pior negócio da minha vida. Está feito! Já ninguém pode telefonar-me a dizer: paga o que deves! Está pago, caramba!!!!

Há pouco, antes de vir para aqui escrever, estive lá fora a ouvir as ondas. O pinheiro junto à casa está enorme. Fomos nós que o plantámos e é incrível a forma como cresceu nos últimos anos. Sinto-me aqui como peixe dentro de água. O mar a rugir lá ao fundo e o vento a passear-se por entre os cabelos do pinheiro criam a mais bela sinfonia que eu conheço e aquela que melhor define o que senti quando me sentei no banco da soleira - felicidade.

Agora posso finalmente pensar nos próximos objetivos sem ter sempre a mesma sensação de que falta alguma coisa, a sensação horrível de estar a faltar às responsabilidades.

Tendo em conta a dificuldade que senti para orientar as contas, imagino quanto tempo teremos que esperar até este mísero país se levantar do chão, de cabeça erguida, sem precisar de pedir dinheiro emprestado a ninguém para se governar. Gestão apertada e inteligente, sem desvarios nem manias de grandeza e sobretudo fazendo contas a médio e longo prazo e não a pensar só nos próximos meses. Não parece muito possível dada a conjuntura nacional. Por mim, estou safa!

Gosto de pensar que muitas vezes me comporto como hoje, no jogo de matraquilhos. 3 equipas a jogar ao bota fora. Olham para mim com aquele ar de " eu é que não quero ficar na equipa da cota" . Muito a custo lá arranjei um voluntário para ficar comigo, que o fez mais por respeito do que por vontade. " Tens noção que vamos perder? " . " Se calhar não..." Disse-lhe. Foram 4 jogos seguidos sem arradarmos pé do jogo e aquela cara de espanto " como é que tu fazes isso
? "

Se imaginassem as horas de prática e as noites e madrugadas a fio... O melhor de todos os saberes é sem dúvida a prática aliada à teoria da coisa! E eu tenho muita experiência disso.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

À beira mar



Têm sido uns dias calmos, tão calmos que sinceramente já nem estava habituada a isto. Numa tarde acabei de ler o livro que andava há meses a tentar ler.
Todos os alentejanos do litoral deviam ler este livro. Foi um livro que me transportou para uma memória que, acredito, seja comum a todos nós, nascidos nestas terras. Sines, aqui chamada de São Torpes, a Esplanada Alentejana nos seus tempos áureos, uma praia que a evolução destruiu e uma terra que mudou e se transformou tanto nos últimos 40 anos. Para além do romance, que vale a pena, este é um tratado histórico sobre uma das estâncias de Verão Alentejanas, sobre a nossa vida, sobre o que mudou por fora mas se arrastou por gerações e ainda chega aos nossos dias. Esta memória colectiva que põe a mulher independente num papel estranho perante a sociedade e a transforma ao longo dos anos, moldando-lhe o futuro, os comportamentos, fazendo-a esquecer, por vezes, os verdadeiros motivos da sua luta. Gostei bastante, tanto que fiquei com curiosidade de ver o filme e fiquei com vontade de repetir livros do mesmo autor. Para além de ser engraçado ler uma história a acontecer em lugares que conhecemos tão bem.

Passo já de seguida para o Oussia, que fui de propósito comprar à feira do livro e que vem com dedicatória para o Afonso. Já li todos os livros do Armando e gostei sempre. Ele escreve na ficção científica, imaginação, uma área pouco explorada pelos portugueses e escreve sempre bem. Diria que é algo verdadeiramente novo na nossa literatura.


Continuamos preocupados, claro! Mas o tempo e a paciência é a única formula mágica de cura que conheço para certos problemas. Não há outra forma senão esta de esperarmos o melhor e acreditar que há-de vir.

Boa noite e bons sonhos =)

domingo, 17 de julho de 2016

Quando as palavras não nos bastam

Estou há algum tempo à espera que me venham as palavras certas mas não há palavras certas quando parece estar tudo errado. Sei que muitos querem falar, querem expressar, queriam provavelmente ter-te dito muitas coisas. Nisso, o tempo e a vida ensinaram-me a dizer tudo e sei que sabes tudo o que quero dizer-te. É nestas alturas, e mais uma vez, que questionamos o porquê das coisas. Decido parar, dar-me um ano inteiro para me reconstruir em mim, sei que provavelmente não irias aprovar, como tantas vezes te disse coisas que não gostaste de ouvir, mas isso fica só entre nós. Antes de tudo isto pensava mais uma vez em fuçar as minhas possibilidades todas, esgotar todos os cartuchos à procura de uma coisa que nem tenho certeza de encontrar. A pressa é inimiga da perfeição? Tenhamos calma então! Uma calma que nos é impossível manter quando tudo parece estar errado. Aprendemos cedo de mais, nesta profissão, que há coisas que não têm porquês, são o que são, são como são, mesmo que sejam injustas, ainda assim sermos humanos é isto, revoltarmo-nos por serem assim e não de outra forma e continuar a acreditar que é possível, que há vários possíveis , várias hipóteses.

Pego no cliché de que o sorriso é o melhor que podes usar e acredito que posso ver-te voltar a sorrir. Porque quando muita coisa parece perdida, a fé e a esperança é tudo o que nos resta e é necessário abraçarmos qualquer coisa para manter a vida a caminhar. A linguagem perde a importância quando sabemos que pouco mais que nada podemos dizer senão coragem, acredita , luta. Vamos cá estar, por ti  mesmo que isso implique apenas e só acreditar. A vida nas suas voltas prega-nos chapadas dolorosas. Há que saber dar-lhes a volta. Pouco mais tenho a dizer, por agora, mas como amanhã não sei se irei cá estar envio-te esta oração para que saibas que penso em ti, torço por ti, espero por ti lá mais à frente, quando como tantas outras vezes, deres a volta por cima deste obstáculo. Acreditemos que é possível dar também, uma nova volta à vida.













sexta-feira, 15 de julho de 2016

Is that a Nice thing ?

Suponho que quem viu ou leu sobre o terror em Nice em algum momento, hoje durante o dia, deve ter pensado: como é que alguém é capaz de fazer uma coisa destas?

Tenho tentado formar uma opinião ao longo do dia, sem ver imagens, que me choca a repetição constante do horror sofrido por muitos num momento de loucura de alguém.

O vulto ganha nome, Mohamed Bouhlel e nacionalidade: tunisino. Depois, em algum lado, consigo perceber que afinal é franco- tunisino, mas isso parece não ter nenhum interesse. Depois lembro-me do Dj, o tal que mandou os portugueses para as obras e lembro-me que era também franco qualquer coisa, mas isso também não interessa nada e considera-se o tal como Francês.

As vozes do terror armam o sr como braço do estado islâmico mesmo não tendo havido confirmação oficial por parte do tal "estado". É este o estado das coisas, é este o estado a que chegámos. Quem gosta de história dirá, como me apetece a mim dizer que é apenas mais do mesmo.

Divorciado, pai de 3 filhos, conhecido por comportamentos agressivos. Onde nasceu pouco me importa. Importa lembrar que se comemorava a tomada da bastilha, um dos pontos altos da revolução francesa ( a tal que promovia a igualdade, a liberdade, a fraternidade) . A revolução francesa pôs termo a uma monarquia de mil anos, absolutista, levando à guilhotina o rei Luís XVI , incapaz de medidas importantes de renovação e remodelação da monarquia, que vivia em esplendor por trás dos portões dos palácios enquanto o povo morria à fome. Foram tempos difíceis o final do secXVIII início do séc. XIX. Não só em França mas por toda a europa, com esta a ser guiada por uma elite monárquica e religiosa enquanto, grosso modo, as pessoas morriam à fome. É claro que de Luís pouca gente se lembra mas toda a gente ouviu falar de Maria Antonieta a rainha e o seu esplendor mortas ambas na guilhotina.

A revolução francesa esse baluarte da democracia desta europa de hoje mas que levou a França direitinha para as mãos de ditadores e de Napoleão, que espalhou também ele o terror por toda  a Europa. É esta a história, voltas e voltas e voltamos ao mesmo, permitam-me concluir, por falta de humanidade.

Mohamed Bouhlel, franco-tunisino. Voltemos ao campeonato europeu e ao comportamento da seleção francesa, do selecionador, dos meios de comunicação em geral. Os portugueses, esses, uma nação feita de porteiras e pedreiros a ousar retirar das mãos das grandes nações um mísero caneco de prata mas que confere reconhecimento e mérito. Ingleses, alemães, franceses, incrédulos com a ousadia, não poupam palavras de humilhação. Quelle horror!

Mohamed Bouhlel, desempregado, nas franjas da sociedade a sofrer alterações na vida pessoal que provavelmente lhe exacerbaram a revolta pela qual já fora identificado através dos comportamentos, delitos menores, roubo, furto.

Os miseráveis é uma das grandes obras de Vítor Hugo, escritor francês e, salvo as diferenças próprias de um mundo que apesar de tudo melhorou muito as condições de vida, pergunto-me se não se adaptaria perfeitamente ao nosso tempo. Não são novos males e velhas nações, são velhos males em nações que teimam em não querer evoluir com o mundo ( perdoem-me a redundância: global) . O que define uma nação hoje em dia já não são as fronteiras, nem o genótipo ( cor da pele , dos olhos, etc) porque estamos já demasiado misturados para se definir um limite genético. O que define uma nação, hoje mais do que nunca, é a sua língua, linguagem, fonética.

Recupero a triste figura francesa, não só nos ataques à qualidade dos portugueses mas também na imitação reles do grito da Islândia e encontro uma nação que não se encontra, perdida que está em velhos mitos e a sofrer por isso uma revolução que é interna. Revejo a altivez Inglesa no seu Brexit e prevejo também algum desengano britânico quando perceber que as fronteiras abertas não são uma necessidade mas sim uma nova forma de estar no mundo. Vão ter que aprender isso sozinhos então. 

O que se passou em Nice foi uma tragédia. São sempre os inocentes a pagar pelos erros daqueles que por definição deviam ter os melhores valores, mas a história infelizmente diz-nos que o poder corrompe quando não é partilhado.

Recordo por fim a entrevista do nosso engenheiro do Euro, não no conteúdo mas na forma, para me ajudar a explicar a minha reflexão. Os gregos, tão ostracizados como nós nesta guerra aos incumprimentos, deram-nos aquilo que nos orgulhamos mais hoje em dia: a democracia - o poder do povo. Fernando Santos fez na sua entrevista uma coisa que muito poucos portugueses fazem: falou em português do princípio ao fim e não foi por não entender o que lhe diziam, foi por escolha. No fim da entrevista falou a um povo que admira e que muito o ajudou e a quem está grato. Falou aos gregos, em grego, não há sinal de maior respeito. Se alguém conseguir perceber a diferença entre o estar dos portugueses e o estar dos franceses então que veja.

Sim, o terror é culpa da Europa, quem quiser ver que veja e o melhor que podemos fazer para o combater é passar aos nossos filhos os melhores valores que nos passaram e fazer tudo por isso, mesmo com o resto do mundo contra nós.

Mohamed Bouhlel era franco tunisino e provavelmente não aceitou viver numa sociedade com dificuldade em aceita-lo.

Um tudo ou nada de coisa nenhuma e uma banda sonora para isso

Hoje apeteceu-me ouvir música antes de dormir e escolhi esta. É curioso como uma banda sonora de um filme que nunca vi pode ser tão importante para mim. Talvez seja porque adoro Yann Tiersen ou talvez porque acredito que no dia em que o destino quiser que me encontre com a Amélie Poulain, ela vai ter " alguma coisa para me dizer" . Os livros, os filmes, algumas coisas que nos acontecem trazem " mensagens" encriptadas como que a pedir que reflitamos sobre alguma coisa. É uma crença minha, como outra qualquer e pode ser tão disparatada como qualquer outra crença. Sei apenas que há momentos que nos ligam às coisas e coisas que nos ligam a pessoas e formas de expressão que nos marcam. É esta a melhor arte que conheço. A que me faz reflectir, a que me faz pensar a que me transporta para algo que pode até nem ter nada a ver com a mensagem que se quer transmitir. É por isso que a arte é universal e pode servir para muita coisa. É por isso que a arte é a porta que se pode abrir para o pensamento livre. É por isso é que é tão importante deixar criar. Criar é um caminho que se percorre no pensamento em direcção a nós próprios. O ser humano dissociado do poder da criação, desumanisa-se e torna-se tão ou mais predador do que qualquer outro animal.

Um desabafo, de alguém que tal como as crianças, e embora com alguns conhecimentos técnicos que lhe permitem perceber os porquês continua a maravilhar-se com o engenho do ser humano.

Ver um avião levantar voo é algo que continua a surpreender-me! 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Pode parecer mas não ando a dormir

Às vezes, quando deito a cabeça na almofada e tenho tempo, gosto de fazer uma retrospectiva do que foi o meu dia, tentando perceber onde errei e onde posso melhorar. É um exercício que faço muitas vezes, até mesmo quando não tenho tempo para fazer uma retrospectiva completa dos meus dias. Hoje tenho.

Foi um dia enorme. Tão grande que tive alguma dificuldade em lembra-me como começou. Às vezes faço coisas tão diferentes, mudo tantas vezes de "chip" ( que é como quem diz, de ambientes, de preocupações, de papéis) que me é difícil reconstruir o dia do princípio ao fim.

Começou por ser um dia de adeus. Adeus a uma casa onde estive 6 anos e onde aprendi muita coisa sobre um mundo totalmente diferente daquele onde estava habituada a actuar. Vou ter saudades, porque, de todos os duplos que tive, foi dos únicos onde me senti verdadeiramente parte de uma equipa multidisciplinar. Não costumo colocar no meu currículo, porque foi mais uma das muitas coisas que comecei e nunca acabei, mas tenho o 1 semestre e penso que algumas "cadeiras" do 2 ( já nem me lembro bem) de uma licenciatura em gestão de recursos humanos. Foi onde tive o primeiro grande contacto com a economia e com a gestão. Há tantos anos que ainda nem era mãe, pelo menos não na parte prática da coisa, embora emocionalmente já tivesse passado por uma experiência de maternidade que não desejo a ninguém - adiante que esta é uma parte da história que até há bem pouco tempo me era muito difícil mencionar. 

Este paleio apenas para dizer que é muito difícil encontrar aquele líder que vem descrito nos livros, o tal que é nato, que não necessita de ser chefe para já o ser. Foi nesta casa que encontrei, pela primeira vez, algumas pessoas com estas características e não vou esquecer -me mais do que é. Só sabemos identificar verdadeiramente uma coisa depois de a termos visto pela primeira vez, por muita teoria que saibamos sobre o assunto. Vim já com alguma saudade de tudo, mas sabendo que foi a altura exacta para a minha saída, tendo a certeza que cumpri a minha missão, aprendi e com certeza que também ensinei.

Os livros escolares estão comprados, o que significa que a minha dor de cabeça de Agosto e Setembro está resolvida. Sendo certo que pela educação dos meus filhos terei provavelmente que, mais uma vez, atrasar a finalização da minha. Hoje em dia já consigo lidar perfeitamente com estes constantes volte face dos planos traçados.

O carro aguarda pacientemente pela sua vez, na lista de espera para lhe tratar da saúde e as constantes contas de cabeça permitem-me hoje deita-la na almofada sem medo do fim do mês mas com a certeza que todos os dias há que refazer todas as contas, para ter a certeza que não vão haver derrapagens até à altura em que a NOS me devolva a quantia que já me cobrou, com esta, pelo menos 3 vezes. Irra que é muito! Pagar uma dívida, com juros, 10x superior ao valor real da dívida, ser julgada sem saber e ainda por cima pagar a dita dívida 3x é coisa para só ser possível acontecer em Portugal. Vale-me não ser por aí além muito tontinha e gostar de fazer valer os meus direitos e mesmo assim sabe Deus! Imagino o que não se passará por esse país afora, com pessoas que não fazem a mínima ideia de como recorrer à justiça ou fazê-la valer.

Por fim o começo da época desportiva de Verão. A ideia de férias que já não me sai da cabeça ( a escolha do verniz para as unhas - as saudades que tenho das minhas unhas pintadas!) o cheiro a creme na pele ( que me descuidei com a celulite este ano) e o merecido descanso que não me sai da cabeça. E esta música a lembrar-me tantos outros Verões e a escolha perfeita naquele que dizem ter sido o dia do Rock.

Aproveitem que o tempo de Verão, tal como todo o tempo do mundo, passa num instante. 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

No rescaldo das lesões

Chego a casa 12 horas depois de ter saído. Cansada. Ainda com a euforia de termos sido campeões, que se sente nos sorrisos, nas conversas, por todo o lado. Foi um jogo emocionante em que pela primeira vez, desde há muito tempo, acreditei, do princípio ao fim.

É bom perceber nas pessoas um rasgo de positivismo depois destes anos desgastantes para tantos.

Aguardo pacientemente os poucos dias que faltam para as minhas férias. Desde 2007 que não tenho 15 dias de férias sem ter que trabalhar em lugar nenhum. Há 9 anos que as férias se resumem a 3 ou 4 dias em que consigo por vezes sair daqui ou que vou alternando com outros tantos de um biscate qualquer que me dá fôlego monetário para as despesas extra. Este ano decidi parar. Não sem antes fazer uma pequena maratona para ter a certeza de que nada me faltará. Habituamo-nos a tudo e este ano vou ter que me habituar a não fazer mais nada do que voltar a estar sossegada durante 15 dias. Primeiro porque para ter os 15 dias significa que não vou poder mexer-me muito e depois porque quando nos habituamos a andar num corropio constante até parar é difícil. Eu desejo muito parar. Voltar aos meus livros, à minha praia, a tudo o que me faz ainda mais feliz. Houve um tempo em que julguei que fazer coisas que me pudessem acrescentar era a única maneira de poder ser feliz. Hoje sei que a melhor forma de ser feliz é poder dar-se ao luxo de parar. Mesmo que não se faça mais nada, simplesmente parar.

Fico contente de finalmente ter conseguido chegar aqui, poder parar. À custa de muita luta, muita conta de cabeça, algum (muito) sacrifício e sobretudo à custa deste corpo que já vai outra vez conseguindo dar, sem me pedir constantemente para parar.

Doem-me as pernas mas sei que amanhã estarei melhor. Sinto-me ligeiramente oca por dentro mas sei que se quiser consigo ir ler um livro ou ver uma série já a seguir. Já vou tendo espaços à minha volta que me permitem sentir-me orgulhosa do que consegui atingir. Faltam 5 dias e vou de férias e sinceramente houve um tempo em que achei que este momento não iria chegar.

Houve necessidade de ajustar alguns objetivos para conseguir isto. Espaça-los no tempo, mudar planos, perceber que agora tudo levará mais tempo a atingir. Mas se houve coisa que a vitória de ontem me trouxe foi a capacidade de voltar a acreditar que se quiser muito atingir algo que só dependa de mim, eu vou conseguir atingi-la, demore o tempo que demorar. É que às vezes, aquilo que parece um mal, até vem para nosso bem.

domingo, 10 de julho de 2016

Na linha da frente

Passou ontem na RTP, no linha da frente, o que foram os últimos anos da minha vida, até conseguir sair da urgência. O Luís expressou exactamente o que senti nos primeiros anos, quando cheguei, vinda do Garcia de Orta de uma área totalmente diferente e eu, que tinha dito a mim mesma, ainda durante o curso, que nunca iria trabalhar numa urgência vi-me fascinada pelo mundo da emergência pela mão do Amaro e do Rocha com quem aprendi a gostar daquilo. O resto foi investimento próprio. Não fui eu que me joguei ao chão, foi aquela vida que me levou ao chão. A história dos últimos 12 anos da minha vida em 30 minutos.

Ser enfermeira não é só o domínio da técnica, nem sequer o saber, é sobretudo o saber viver ou como sobreviver quando os recursos, os nossos e os dos outros, estão no limite. Não aguentei o sofrimento e vi -me embora. Não me arrependo. E se mantenho ainda alguma saúde mental agradeço a quem me salvou do inferno onde me sentia. Durante algum tempo continuei a hiperventilar sempre que me aproximava daqueles corredores. Ainda hoje evito ao máximo lá entrar. Não pela equipa mas porque as lembranças do sofrimento superam em muito os bons momentos que lá vivi. Não tenho saudades.

Aos poucos fui redescobrindo no último ano o porquê de me ter apaixonado por esta profissão. Todos temos algo a aprender. Muitos têm muito a ensinar. Ontem à tarde fiz uma pessoa feliz e isso é o melhor que a profissão me pode dar. Não pedi autorização ao conselho de administração para filmar as instalações mas pedi consentimento à doente, que deixou e adorou. A letra é dela. A voz é dela e sobretudo a alegria também é dela. Escreveu este fado aos 38 anos, quando a vida não lhe foi fácil e canta-o aos 77 com um orgulho que dá gosto ver.

Espero também eu que a vida me ensine a olhar para trás com orgulho das decisões que fui obrigada a tomar na vida. Porque ser enfermeira é também isto, decidir, quando está toda a gente ocupada de mais para conseguir perceber tudo o que acontece à nossa volta.

sábado, 9 de julho de 2016

A Portuguesa - um hino à resistência

É esta a Alma da Lusitânia. Somos o país europeu com as mais antigas fronteiras definidas. Sobrevivemos a suevos, visigodos, celtas, romanos, muçulmanos, e aos vizinhos espanhóis, mesmo que para isso tenhamos esperado os 3 reinados necessários, sempre com as nossas fronteiras.  Sobrevivemos porque em vez de conquistar preferimos sempre misturar-nos, tal como nos misturamos por essa Europa fora, sempre com histórias de sucesso para contar e com orgulho. Somos os mais europeus, os mais africanos, os mais latino-americanos, indianos e até os mais chineses dos europeus. Somos um mundo, nesta velha  Europa Ocidental que está para nós como os velhos do Restelo estavam para os conquistadores. Deixai-os falar, rosnar e criticar pois só assim que se vê o esplendor de Portugal. 

Que grandes criativos, trabalhadores e lutadores que somos , caramba! Orgulho! Puxai pela nação do futebol que pode ser um começo de um novo orgulho na nacionalidade!

..." Contra os canhões marchar, marchar" ...

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Classificação de época alta

A gota que indica frescura a escorrer pelo gargalo da garrafa e eu a pensar "que se lixe! É só uma."

Não tenho por hábito beber bebidas alcoólicas durante as minhas " semanas" de trabalho. O corpo já não responde da mesma forma às toxinas e o álcool é muito difícil de queimar. Devo ter dito umas 3 vezes : gosto mesmo disto, é que gosto mesmo! Eu sei que bebida para acompanhar um jogo de futebol devia ser uma mini, ou uma média ( super bock ou Sagres, tanto faz, que já lá vai o tempo em que era esquisita com essas coisas) mas desde que provei Cidra em Madrid, que nunca mais consegui olhar para uma cerveja da mesma forma.

A França lá nos irá acompanhar no próximo sábado e eu estarei a trabalhar.

Enquanto no Reino Unido anda toda a gente com o síndrome do Pôncio Pilatos ( a querer lavar as mãos da embrulhada que arranjaram) por cá a Caixa Geral de Depósitos é mais um bom exemplo dos maus negócios que se fazem neste país, à custa do dinheiro dos contribuintes ( eu ainda sonho que um dia vamos deixar de deixar que nos atirem areia para os olhos) e a UE já sonha em aplicar - nos mais umas "sançõezitas" enquanto distribuímos o pouco dinheiro que temos pelos vários particulares que vão engordando à custa do dinheiro de todos com o aval da justiça. Enfim!

Enquanto isso eu vou aproveitando para utilizar a folga que este governo geringonça nos deu para amealhar uns tostões, enquanto posso, que desconfio que a folga deve ser por pouco tempo, com o rumo que as coisas levam ( mas vamos à final com a França, não está tudo perdido!)

O dia foi longo mas foi um dia em que experimentei coisas novas, que aprendi um pouco mais e tive a oportunidade de ver coisas que nunca tinha visto - gosto muito de aprender e ver coisas diferentes.

Uma grande parte do país  encontra-se em mais um festival onde não faço conta de ir nunca ( gosto pouco de empresas que utilizam o dinheiro que "sacam", muitas vezes de forma pouco clara e sem boa fé, aos seus clientes, para patrocinar espectáculo ) eu preferi aproveitar para descansar com os miúdos, que as pernas já se vão queixando dos anos que tenho passado em cima delas. É que embora um senhor muito simpático me tenha dado hoje 20 anos, os cabelos brancos já não enganam ninguém e são quase o dobro dos anos que carrego.

O novo ano escolar está à porta e, na verdade, o nosso futuro, cheira-me, está novamente a ser jogado como num jogo de cartas ( vamos a ver quem faz mais bluff) e eu não quero voltar a ser apanhada no meio da tempestade. Portanto, para mim, a ordem de mercado agora é poupar. Estou um pouco farta das previsões em alta que sistematicamente não conseguimos cumprir.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Nação e a sensação de pertencer

As publicidades excelentes,  transmitem-nos emoções

Vale a pena ver. Valeu a pena vê-los. Fizeram-me lembrar os nossos lobos num campeonato que fiz questão de seguir, há alguns anos, porque o sonho de alguns pode ser a felicidade de muitos. Tenho pena que tenham ido para casa hoje. Grande parte da magia deste campeonato foi a eles que se deveu. Porque o futebol e o desporto também é isto: motivação, amor ao que é nosso, a beleza de um sonho realizado por quem se esforça por ele. Acredito que se devam sentir orgulhosos. Eu sentir-me-ia. Saber que a vontade e o esforço podem dar frutos mesmo contra quem não faz mais nada da vida a não ser isto. Parabéns terra do gelo. Um dia ainda gostava de vos ir conhecer.

Recordando o Hino mais sentido que já ouvi até hoje.