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domingo, 22 de maio de 2016

Para ser bonito dá sempre muito trabalho

" Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol" . Por esta altura do ano, ou talvez antes, lembro-me de cantar muitas vezes esta canção, na esperança de que esse animal ( conhecido pela sua estrondosa velocidade) se retirasse da sua casca e se mostrasse no seu lento ritual de deslocação.

No início do tempo de calor, por aqui, dá-me vontade de começarmos a sair da casca de Inverno, para aproveitar o bom tempo, e esse petisco maravilhoso que é uma bela de uma caracolada com uma imperial. A mim apetecem-me sempre esplanadas com o sol.

A chuva intensa deste ano transformou o meu quintal numa pequena selva, onde os cardos ficaram quase da minha altura ( dava para alimentar um burro a pão de ló ). Foi o suficiente para tomar a decisão de que para o ano não pode ser qualquer chuvada a destruir-me o jardim. Até a horta está uma verdadeira miséria e prevejo muito trabalhinho pela frente . 

O que vale é que por aqui há muitos e bons exemplos de como construir um jardim. Se não os houvesse, o que não faltam são imagens na net de como fazer quase tudo.

Projectado na minha cabeça, foi fazer orçamento, comprar o material necessário e mãos à obra.

Havia já alguns meses que não me lembrava do que era ter dores, embora continue à volta com as sequelas do burnout da profissão, mas carregar 150 quilos de pedra fez voltar à memória e ao corpo a lentidão, a rigidez e a dor.Disse tantas vezes a quantidade de quilos de pedra que às tantas me perguntaram se tinha sido tudo de uma vez ao que respondi que 150 quilos de uma vez, só humanos e geralmente é peso repartido por pelo menos mais uma pessoa. É por isso que com quase 39 anos às vezes me sinto tão crocante como se tivesse 79.

Mazelas à parte, hoje já me senti melhor e continuei o trabalho. Ainda há mato por desbravar, mas está a ficar bonito. Não tão bonito quanto imaginei: geralmente é assim, poucas vezes me satisfaço plenamente com o resultado do meu trabalho ( e este é talvez o meu maior inimigo interno) .

Dá para montar a esplanada, para os jantares em dias de calor ou para o café pela noite dentro. Dá para me rodear de flores como tanto gosto e dá para ter por perto os temperos autóctones que adoro vir apanhar ao quintal enquanto cozinho, já para não falar das alfaces, das couves, dos tomates, das abóboras, dos brócolos, dos chuchus e até das batatas ( que ficam com o tamanho ideal para levar ao forno) tão biológicas que se me descuido ainda tenho que competir com as lagartas e os caracóis aquilo que deu tanto trabalho a produzir.

Brevemente, espero eu, se o trabalho e as inúmeras actividades de fim de ano ( testes incluídos) deixarem, poderei inaugurar o novo fogareiro, a esplanada e a horta renovada para a próxima temporada do sozinhos numa nova casa.

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