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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Dias Maiores

Os dias estão maiores e isso sente-se em cada poro da nossa pele. Futebol, hóquei, pouco tempo para mim. O regresso a casa naquela luz morna a entrar pelo vidro, depois do dia de desporto. Sol que nos escuda do frio que faz lá fora e que nos garante que a primavera vem aí, de novo. Temos todos saudades do verão, do nosso tempo mágico, o nosso tempo maior, a nossa vida de sonho, de verão.
Antes disso, a noite fria que precedeu o domingo de sol. Esteve frio, por aqui. A noite foi aquecida por uma das coisas que mais gosto: música, boa música! É bom ter acesso fácil a boa música e isso é mérito da autarquia, mas a música é mérito de quem a faz e quando com boa música vêm profissionais que se nota, à distância, que adoram aquilo que fazem, é difícil não ficar fã. Um espectáculo não se compõe só de notas: é o som, a luz, o ambiente, a companhia e garanto-vos, estes senhores sabem o que é fazer espectáculo! Obrigado por me aquecerem a noite, por me fazerem cantar, obrigado por me fazerem feliz por um belo período. Adorei

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. 
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem muita importância. 
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."
William Shakespeare

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Mens sana in corpore sano

Sinto, senti sempre, que esta coisa de ser alentejana não tem tanto a ver com o local onde se nasceu mas com uma forma muito particular de estar na vida. Esta forma particular reveste-se de muitas características mas de todas elas a que mais gosto de destacar é a típica bonacheirice :



bo·na·chei·rão

adjectivo e substantivo masculino

[Informal] Bondoso, sem malícia e paciente. = BONACHÃO, BONACHEIRO
Feminino: bonacheirona.
Palavras relacionadas:


"bonacheirona", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/bonacheirona [consultado em 25-02-2016].

Ora, é esta bondade e também a  paciência que nos leva a saber rir de nós próprios ( sempre desconfiei que ninguém sabe tantas anedotas de alentejanos como o próprio alentejano) mas também são elas que levam, muitas vezes, a confundir-se isso com fraqueza, lentidão ou simplicidade no sentido de pouca esperteza. Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. É simplesmente uma forma de se ver e se estar na vida. É mais do que claro que as migrações e as alterações do mundo, no último século, nos influenciaram também. A pureza das características é coisa do século passado. No entanto, esta paciência concorre, demasiadas vezes, contra nós. É ela que nos permite este deixa andar, esta permissividade que nos envia para a cauda do cometa. Somos os primeiros a desprezar o que nosso há de melhor, ou de bom. Os primeiros a atacar também. Falta-nos  a "idade dos porquês". Se nos dizem que algo esta mal, em vez de refutar devíamos refletir sobre o assunto. Saber o porquê, ou, pelo menos, tentar saber. Exemplifico: Um alentejano escreve um livro, sobre o Alentejo, desprezando-o. Outros alentejanos diabolizam-no. No meio de tudo isto ( e não tendo lido o livro, apenas um excerto publicado no Observador. Vi também o vídeo no YouTube, da entrevista - triste - que dá na SIC Radical para se promover) o que achei mais interessante foi a reflexão ou a visibilidade que ele dá a um problema que, por mais que tentemos fechar os olhos, persiste em forma de endemia por aqui - o suicídio, as tentativas de suicídio, a depressão. Homens, mulheres, novos e velhos, tentam, conseguem e morrem e não ouve ainda ninguém que se perguntasse o porquê desses números? A crise é uma altura feia e triste, propícia a actos difíceis de explicar - veja-se o caso da mãe que matou as duas filhas, um exemplo claro de sofrimento psicológico atroz - que se tornam tão mais violentos e aterradores quanto menor for o apoio da comunidade e das instituições/organizações sociais, que deveriam existir para os diagnosticar, apoiar e vigiar, para evitar que aconteçam. Os números elevados de depressão e de suicídio, mesmo que na forma tentada, são uma realidade no Alentejo. Convivo com essa realidade há anos no hospital. O que é que acontece a essas pessoas? qual é o seu seguimento? quem as apoia? Que estruturas de saúde mental existem para evitar que as tentativas se repitam, quais são as características da população afectada, as suas estruturas sociais? Quem é que se preocupa com isto, que cruza as relações entre a saúde mental e a saúde física, percebe o problema, sabe como agir  e tenta de alguma forma perceber qual a verdadeira dimensão do problema? De tudo o que já vi e ouvi sobre o referido livro, foram só estas as reflexões que ele me suscitou. A saúde mental é uma das vertentes mais importantes nesse estado complexo que é o ser e sentir-se saudável, não é só o desequilíbrio total que deve ser encarado como patológico, o trabalho deve começar antes, muito antes, aliás como em todos os cuidados de saúde em geral.

"Mens sana in corpore sano"


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A pequena felicidade dos livros

Os dias passam já a um ritmo comum, e num repente começam a esticar-se como um gato a fazer alongamentos, espreguiçando-se em frente à lareira. Esticam, esticam e quase que chegam ao fogo. As horas multiplicam-se em quantidades de tarefas realizadas e eu ponho ainda travão, com receio de as esticar demais. Aposto, ainda, que vai faltar alguma coisa importante, mas já não procuro incessantemente, nos confins da mente, aquilo que é importante e que vai de certeza faltar. Comprei livros hoje. Um pequeno mimo patrocinado por uma promoção fantástica a que me permiti. Pequenas coisas que me fazem feliz e que já vou podendo aproveitar. Enquanto as televisões desfilam o seu corrupio de desgraças eu vou desfiando a minha lista de desejos e pondo um visto em cada pequena etapa ultrapassada. Um passo atrás de outro, à espera, do passo que virá à frente. A felicidade é saber o ritmo certo para cada caminhada que compõe a vida






" No one compares
you stand alone,
to every record i own
music to my heart that´s what you are
a song that goes on

and on " 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Amanhãs

Aos poucos as coisas vão-se organizando nas novas prateleiras que a vida me trouxe. Já não me assusto tanto com as novidades como até aqui. O Baudolino olha para mim, de uma das prateleiras, como que a suplicar: Lê-me até ao fim para começares uma nova aventura. E eu, em pensamento respondo-lhe que sim , que tenho que o fazer, mas a minha pirâmide de prioridades não permite que largue outras para lhe dar prioridade, já, agora, pelo menos não conscientemente, que tenho tantas saudades de ler com vontade... Ainda assim a sensação de peso vai aos poucos ficando mais suave. Estou ainda lenta a voltar àquilo de que realmente gosto.  E amanhã é mais um dia...



sábado, 13 de fevereiro de 2016

Iluminados

Faltou a luz. Por aqui falta muitas vezes a luz, talvez não tanto como antigamente mas à conta de nos habituarmos já consideramos normal.  Sempre que chove, que faz uma rabanada de vento, ou um pequeno trovão vem saudar como é o hábito da planície, a luz foge-nos dos olhos e por aqui ficamos armados de lanternas, velas e outros apetrechos que quase que posso garantir não faltarão na casa de um alentejano. Pelo menos destes alentejanos que vivem à beira mar.
Não gostando de ser alarmista e sabendo que vivemos num jardim à beira mar plantado, pergunto-me muitas vezes o que aconteceria se houvesse uma tempestade a sério. Estaríamos provavelmente às escuras, a lutar contra a intempérie, levando a braços a herculeana tarefa de salvar o que é nosso. Sendo a electricidade um serviço pago ( e a preço de ouro) não seria no mínimo (dos mínimos) sensato que o prestador dos serviços se justificasse ou reflectisse no seu crédito esta má prestação? Talvez seja só eu, demasiado exigente. Penso nisto muitas vezes mas, no fim, acabo sempre por confiar que nada de muito mau poderá acontecer e, como boa portuguesa, encolho os ombros e penso que, na realidade, até já nem me importo com os cortes da luz. Quem viveu uma vida habituada a não ter luz nestas ocasiões, nem lhe passa pela cabeça que possa haver quem lhe pareça que isso não é normal.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Das máscaras de pobreza

Mais um fim de semana. Trabalhado, claro! Enquanto o estado do tempo é mais uma vez a grande preocupação dos foliões a mim preocupam-me as decisões sobre as 35 horas. Assim como me indignam (embora não me surpreendam) as opiniões que se mantêm sobre os funcionários públicos, essa massa anónima que serve para tudo neste país: desde a parte em que são impedidos, como o comum dos mortais ( neste país) de fugir aos impostos de todas as formas que consigam, até à parte em que podem sempre servir como arma de arremesso entre lutas sindicais/políticas ou até mesmo quando são transformados em bode expiatório para tudo o que está mal.
Sejamos sinceros, essa massa anónima é muito mais heterogénea do que aquilo que querem fazer parecer e o grande mal é  que por não se perceber as diferenças entre eles, a maior parte das decisões que se tomam tendo em conta "os funcionários públicos" vão ser quase sempre más medidas. Pôr no mesmo saco trabalhadores da área da saúde, educação, justiça, administração interna, serviço social é uma "sopa" de letras e números tão grande que nenhuma medida que pretenda atingi-los a todos vai ser unânime.
Pela parte que me toca, pediram-me um esforço que significou retirar tempo de qualidade aos meus filhos e à minha família, baixando o preço da minha hora de trabalho. Recebo menos e trabalho mais horas. Em troca prometeram-me não falir o meu futuro. Cumpri. Trabalhei mais, retirei tempo, memórias e vida em comum aos meus. Terão os responsáveis cumprido a sua parte?

Como funcionária pública não tenho direito a carro de serviço, nem a telemóvel de serviço nem tão pouco a prémios de produtividade. Nem sequer tenho direito a transportes públicos se for essa a forma que escolher para ir trabalhar. Não vou, se não tiver carro próprio. Desconto sobre tudo aquilo que ganho sem possibilidade de fuga ou de ganhos " por baixo da mesa" . Produza muito ou pouco, o estado, meu patrão ( todos nós) não me gratifica de nenhuma forma especial, nem sequer me dá possibilidade de subida na carreira, ou seja, todo o esforço que faça de actualização ou formação servirá apenas como gratificação pessoal sem antes,com isso, gastar mais dinheiro e tempo meus e dos meus filhos.
Foi assim que se aumentou o absentismo, o cansaço e tenho para mim que os supostos ganhos à custa dos funcionários públicos, aqueles que nos cuidam da saúde, da educação e da celeridade e qualidade  da justiça ( por exemplo) se vão pagar caros a curto e médio prazo.
Não peço muito, só peço o que é meu: as ditas 35 horas de trabalho semanal que, como se sabe, nem essas são unânimes em todo o sector  público.

Espero que o vosso Carnaval não seja tão trabalhado como o meu, faça chuva ou faça sol.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Deixar entrar o sol

Hoje foi dia de consulta de neurocirurgia. Confesso que ia um bocadito a medo já que o meu futuro próximo poderia estar comprometido mediante o veredicto que dali saísse. Felizmente correu tudo bem e confirma - se que o meu problema é essencialmente inflamatório.
Não vou ter de ir à "faca" ( o ministério da saúde lamenta informar que o que você precisa é do descanso que não lhe podemos dar) .
Menos mal, senão correr pior, por enquanto, estamos bem assim.  Isso foi bom, mas não foi o melhor do meu dia. Lisboa é, de facto, uma cidade linda.
Nos últimos tempos tenho optado por andar de transportes públicos ( principalmente o metro) sempre que lá vou. Estaciono o carro em qualquer lugar e depois " mexo-me "  a pé ou de metro. Hoje meti na cabeça que havia de ir onde queria de carro, sendo que onde queria ir obrigava- me a passar na zona da baixa porque é esse o caminho que conheço ( condição essencial para quem lá vai só de vez em quando é não inventar muito para não demorar o dobro do tempo e não se perder) . Toda aquela zona está completamente diferente e isso inclui os sentidos do trânsito ( sentidos proibidos, caminhos que já não o são e etc e tal) .  Se fosse de me chatear com o trânsito e de me desorientar quando não sei por onde hei-de ir tinha "apanhado uma camada de nervos" . Ainda bem que esse é um problema que não me assiste e em vez disso só consegui reparar em como ficou bonita aquela zona. Lisboa ficou bem melhor assim, mais solarenga e mais voltada para o rio, à semelhança do que já se fez também noutras cidades deste país. Uma terra com água é sempre um local bem mais bonito. Eu sei, vivi em duas cidades lindas ( Coimbra e Setúbal) em que o rio sempre fez parte integrante da vida da cidade. Ainda bem que Lisboa também quer ser assim e traz agora, de volta, o rio para a sua vida.  Mesmo que isso implique não voltar a levar o carro para aquela zona, o que também é bom, polui menos e torna a cidade mais voltada para as pessoas.
Gostei, bastante. Ver o sol a entrar directo pelo coração da cidade é algo que vai fazer bem à vitalidade da sociedade. Nós bem precisamos de cidades mais voltadas para o bem estar das pessoas.

Resumindo, não cheguei a ir onde queria, por que me perdi e atrasei,  mas valeu bem a pena ter lá ido.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Saber perder

Preocupo-me que não desmoralizem com o perder. A motivação é o primeiro passo para nos excedermos, mas isso não quer dizer que o consiguemos sempre.

Quem me conhece sabe que digo muitas vezes que é muito importante saber perder. Isso não invalida que não tenhamos também que aprender a ganhar ( a forma como demonstramos as nossas vitórias diz muito de nós) ou que fiquemos satisfeitos com a mediocridade. Não podemos ser sempre os melhores, mas podemos e devemos ser bons, sendo que bons é uma palavra de uma dimensão imensa e com muitos significados.

O Domingo começou de novo cedo, foi dia de jogos outra vez. Nos dias em que cada um joga para seu lado há que dividir as tarefas. O que não se consegue é dividir o coração. O meu esteve em Beja e em Santo André. Como o futebol está sempre garantido pelo outro progenitor, calha-me quase sempre o Hóquei. E não calha mal que é um jogo com muito mais emoção e eu, como se sabe, gosto de emoções fortes ( às vezes demais, mas isso é um pormenor) .

Perdemos em ambas as frentes. Mas perdemos bem e isso é o mais importante, desde que não se perca a motivação: perder agora, para ganhar depois. Batalhar e trabalhar por  um objectivo é o que nos mantém vivos. Comprometermo-nos a fazer melhor é um dever. No final ganha-se sempre qualquer coisa, nem que seja a noção que está alguém a torcer e que acredita nas nossas capacidades. Disso eu não abdico. Quero sempre que saibam que estou ali, que acredito neles e que sei que vão dar o melhor, mesmo que não consigam e saia tudo errado, eu estou lá, senão em presença, em coração, para dar o meu apoio.

Para a semana há mais. Com ou sem Vitórias.