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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Imagens

Houve um tempo em que eu não conseguia compreender os alemães que se vinham por a habitar os lugares recôndidos deste Alentejo ( profundo e menos profundo) . O meu primeiro contacto com eles foi aqui mesmo no Carvalhal, com uma vizinha que apesar de muito cordial vivia escondida para lá das sebes, num casita que toda a gente diria abandonada.
O primeiro cidadão português que conheci com esta filosofia de vida foi meu professor e foi o único que me deu uma negativa de final de período ( trabalho de mãos nunca foi a minha praia) . Ainda assim, houve sempre uma empatia muito grande com ele e foi com este professor que comecei a entender o modo de vida destes solitários naturistas. Foi também ele uma das únicas pessoas que, em pouco tempo, descobriu o sinal que me distingue ( tenho no olho um sinal como o da Maddie, mas que pouco se nota por ser de olho escuro, e que amigos de longa data tardam em conseguir identificar) e que me deu a ver uma perspectiva completamente diferente da sociedade, que fiz questão de escutar com atenção. Tenho deste homem uma imagem que irei guardar, pois que me ensinou muito mais do que o que o programa de trabalhos manuais o obrigava. O primeiro " inadaptado" do consumismo que conheci, mas vim depois a conhecer alguns mais.

Hoje entendo perfeitamente o modo de viver destes cidadãos. Podendo escolher entre o luxo e o comodismo, vivendo presos às necessidades que lhes criam, preferem a simplicidade de um lar e do contacto com a natureza.
Não sou conhecida por ser uma purista ou fiel seguidora seja de que vertente for, ou seja, militantismos, extremismos e outras ismos que tais, não são para mim. Gosto de misturar o que mais me agrada em cada uma das coisas que gosto.

Hoje vi um dos rostos que reconheço desse tempo em que não entendia. Vi-lhe as marcas do tempo. Apesar do cabelo grisalho passeava feliz na sua bicicleta. É exactamente aí que quero chegar. Saber que quando chegar o meu tempo, construi um lar, um caminho, livre das prisões do consumismo puro e em concordância com o meu coração . Só a imagem que ela me devolveu, na sua bicicleta, chegou para me encher de mim.

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